As mil e uma utilidades da Macaúba


Espécie de grande potencial econômico para a região norte mineira, a Macaúba está servindo como fonte de estudo e trabalhos para pesquisadores de várias regiões do Brasil.
Segue trechos da matérias extraída da Revista Vitae (Edição 01), que mostra um pouco da versatilidade dessa palmeira que poderá servir como fonte de renda para diversas comunidades extrativistas.
 
Fonte: cerratinga.org
As mil e uma utilidades da Macaúba
Matéria de Vitor Moreira

Por sua grande área de dispersão a Macaúba é conhecida por diversos nomes,tais como Bocaiúva,Macaíba, Macaúva, Coco-baboso, Coco-de-espinho, Caiol e Macajira. Todos esses nomes, porém, descrevem a mesma planta: Uma palmeira estipe reto, que atinge até 20 metros de altura, com espinhos longos e pontiagudos ao longo do caule. Suas flores são agrupadas em cachos e o fruto é uma drupa globosa de 2,5 a 6 cm de diâmetro de epicarpo liso e quebradiço, com mesocarpo fibroso amarelo ou branco. A polpa é comestível,rica em glicerídeos e alimenta diversas espécies nativas de aves e mamíferos.

Outra característica que distingue a macaúba é sua resistência. A palmeira suporta queimadas e períodos de estiagem, não costuma ser atingida por pragas e se adequa bem a grandes variações climáticas. Todas essas propriedades entretanto, ficam em segundo plano quando se detalha seu principal atrativo: o potencial econômico.

Da macaúba tudo se aproveita. A polpa dos frutos, rica em vitamina A e betacaroteno, é utilizada na culinária, resultando em sorvetes, pães e sucos. O óleo da amêndoa é matéria-prima na produção de sabão, sabonete, margarina e cosméticos. As tortas que sobram do esmagamento desta amêndoa são ricas em proteína e consideradas de alto valor nutritivo para alimentação de gado. As folhas são aproveitadas na confecção de redes e linhas de pesca. Do broto terminal se retira o palmito . O endorcapo de macaúba – parte que protege a amêndoa – já está sendo utilizado na produção de carvão vegetal e também como carvão ativo. Por fim, os dois óleos extraídos da macaúba – da polpa e da amêndoa – apresentam excelentes propriedades para a produção de biodiesel. Além disso, a produtividade da espécie supera em muito a da soja, atualmente a principal fonte para esse tipo de combustível. Segundo dados do Centro Nacional de Pesquisa de Agroenergia (CNPAE), órgão ligado à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a macaúba pode produzir até 4000 quilos de óleo de polpa por hectare, por enquanto a soja alcança apenas 500 quilos por hectare.


Na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), um grupo de oito pesquisadores e 20 alunos do departamento de Biologia geral vem se dedicando ao estudo da macaúba. O projeto Desenvolvimento de Tecnologias para o Uso Racional e Conservação da Macaúba no Estado de Minas Gerais é patrocinado pela Petrobras e tem por objetivos avaliar características estratégicas de reprodução, anatomia vegetal, variabilidade genética, herbivoria de frutos, aspectos ecológicos e a diversidade e atividade da microbiota associada a frutos e rizosfera de macaúba.
O professor e biólogo Afrânio Farias de Melo Junior, membro do Departamento de Biologia Geral da Unimontes, está a frente da pesquisa que busca realizar um mapeamento da diversidade genética em acessos por meio da obtenção da distância genética com utilização de marcadores moleculares.


A produção do Biodiesel 

Do fruto da macaúba são extraídos dois tipos de óleos. Da polpa é extraído um óleo com alto teor de ácido oléico (60%) e palmítico (19%), com boas características para a produção de biodiesel. A produtividade também impressiona: cerca de 4000 quilos de óleo por hectare.
Já da amêndoa é extraído um óleo com maior concentração de ácido láurico. Mesmo com potencial energético menor, esse óleo apresenta propriedades que o tornam ideal para a produção de biocombustíveis para a aviação. A produtividade do óleo da amêndoa da macaúba chega a 1000 quilos por hectare. Por outro lado, seu valor de mercado chega a ser superior ao dobro do óleo encontrado na polpa.

A produção em larga escala de biodiesel a partir da macaúba, entretanto, esbarra na ausência de sistemas de cultivo desenvolvidos, fazendo com que a exploração da planta dependa, majoritariamente, do extrativismo. “O extrativismo é importante, especialmente, para pequenas comunidades, mas somente essa exploração não tornará a macaúba uma matéria-prima difundida na produção do biodiesel”. Opina o biólogo Afrânio Junior. “O papel da biotecnologia é exatamente atuar para tornar isso possível”, completa.

Aconteceu entre os dias 19 a 21 de novembro em Patos de Minas, o I Congresso Brasileiro de Macaúba, que teve como tema “Consolidação da Cadeia Produtiva”. Cerca de 200 participantes entre pesquisadores, produtores rurais, estudantes e representantes de entidades governamentais estiveram reunidos no evento, realizado no Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam).
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, participou da abertura do congresso e afirmou que o Governo Federal irá discutir incentivos para a cultura de macaúba no país. “Queremos grande extensões de plantações, queremos o cultivo da espécie em várias regiões do Brasil”, declarou.

Dentre os temas apresentados e debatidos no evento estavam questões relacionadas ao aspecto legal da extração da macaúba, o manejo extrativista, os sistemas de produção, os recursos genéticos para melhoramento da espécie e as propriedades industriais dos óleos.
Projetos e experiências nacionais e internacionais com a macaúba também foram expostos, incluindo trabalhos desenvolvidos no Paraguai e na Alemanha.



Da macaúba,tudo se aproveita:
Fruto

- Polpa : Utilizada na alimentação e extraído óleo para a produção de biodiesel
- Endocarpo: Utilizado na produção de carvão vegetal e também como carvão ativado
- Amêndoa: Óleo utilizado para fabricação de cosméticos. A torta formada com os restos de    amêndoa, após extração do óleo, alimenta o gado.

Broto
- Retira se o palmito.

Tronco
- Utilizado na construção de casas.

Folhas
- Aproveitadas na produção de linhas de pesca e confecção de redes.

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